quarta-feira, 9 de abril de 2014

Filme: "O Estranho em mim" - 2008

O filme de hoje é um filme denso, mas muito bom, e tem como tema algo tão delicado quanto raro de ser tratado no cinema: a Depressão Pós-Parto.



A atriz Susane Wolff é Rebecca, que, na faixa dos 30 anos, espera seu primeiro filho ao lado do marido, Julian (Johann von Bülow). Apesar de a gravidez ser desejada, logo no parto, percebemos que algo está errado: pela reação de Rebecca, percebemos que ela não está conseguindo se vincular com seu bebê, Lukas. Rebecca não consegue amamentar, ela tem crises de choro, não entende o que está acontecendo, e ninguém ao seu redor consegue notar que ela está doente. Com a falta de diagnóstico (o que é extremamente comum em casos de depressão pós-parto), Rebecca vai se sentindo cada vez mais desamparada, pois o marido Julian passa o dia todo fora, e ela sente que não tem ninguém com quem contar.

Rebecca, em um momento, esquece Lukas em um ponto de ônibus, e ao se lembrar, sai correndo para buscá-lo, desesperada. Nesse momento, o julgamento dos outros é muito forte: Como pode uma mãe esquecer-se do filho, como pode uma mãe não amar seu filho? Como pode uma mãe sequer ter um pensamento de raiva contra seu filho? O tabu do ódio aos filhos, como algo que jamais pudesse ser sentido.

E é sobre isso que esse filme vai tratar, sobre o tabu da parentalidade. E é difícil pensar nisso. Difícil, mas algo que precisa ser pensado. Com certeza um filme para ser visto, revisto e muito a ser pensado!
Apesar de ter muitas cenas que são consideradas “difíceis” e “pesadas”, aqui vai um SPOILER: tudo fica bem no final ok? E de uma maneira muito bem trabalhada! Vale a pena!

                                         


Frase Marcante: "Mas você não o fez."


O Estranho em mim – “Das Fremde in mir” – Alemanha - 2008

Direção – Emily Atef

Trailer (sem legendas):


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quarta-feira, 19 de março de 2014

Filme: "Temple Grandin" - 2010

Olá pessoal!

Como sempre fui apaixonada por cinema e percebi que minha formação vem sendo atravessada pelos filmes já há bastante tempo, resolvi começar esse blog. Acredito que os filmes são não só uma forma de entretenimento, mas vão além disso, tem a capacidade de nos tocar, de fazer com que possamos perceber novas formas de lidar com questões e conflitos que temos em nós. Sejam muito bem vindos e espero que vocês gostem!


Para inaugurar o blog, nada como começar com um dos meus filmes favoritos! Como o próprio título adianta, o longa mostra a vida de Temple Grandin (Claire Daines), que é diagnosticada como autista aos 4 anos de idade, e mesmo após diversas recomendações de especialistas para colocar Temple em hospitais psiquiátricos, sua mãe, vivida por Julia Ormond, percebe o potencial de sua filha, e consegue, com o apoio da irmã, (Catherine O'Hara)   e do professor de ciências de Temple a ajudá-la em todo seu percurso.

A tia, mais uma figura materna, tem extrema importância na vida de Temple. A cena em que ensina Temple sobre os sentimentos é belíssima. Temple precisava, aprender sobre o ser humano, para tentar compreende-lo. Bem possível que por isso sua escolha do curso de Psicologia, uma maneira de ela buscar compreender melhor algo que muitas vezes não fazia sentido, muitas vezes era assustador para ela.

Seu professor percebe que Temple enxerga o mundo através de imagens e mostra para ela que isso é uma vantagem, pois ela percebe coisas que as pessoas normais não percebem, e conversa com ela sobre a possibilidade de ela ir para a faculdade. Ali, ele usa a simbologia da porta, fazendo-a pensar que as etapas da vida são apenas mais uma porta, que ela pode ou não optar por atravessar. Essa simbologia aparece durante o resto do filme, o que nos leva a crer que ela carrega isso por toda sua vida. (E o quanto isso foi significativo para ela!!)

Um outro ponto interessante também é a "máquina de abraços" que Temple desenvolve, pois sentia uma enorme necessidade de ser abraçada, mas ao mesmo tempo, ficava aterrorizada com qualquer contato. É como uma porta para um mundo emocional que Temple só tem acesso através dessa máquina.


Destaque para as belíssimas atuações de Claire Daines e de Julia Ormond que, em diversos momentos, nos mostram o que Temple é apenas “diferente, mas não menos” do que os outros.

E nos créditos do filme, ainda podemos ver a verdadeira Temple Grandin! =D
Abaixo, a foto dela pra vocês verem! Ela é Bacharel em Psicologia, tem mestrado em Zootecnia e é Ph.D. em Zootecnia.


Aqui, Temple Grandin (a real!), ao lado de Claire Daines.

Frase marcante: "Diferente - Não menos!"

“Temple Grandin” – Idem – EUA – 2010